quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pegadas

Pegadas na areia me mostram que coisas ficaram para trás.
Que o vinho virou vinagre e que tudo ficou diferente.
O céu se fechou e as nuvens carregaram.
O mar se revoltou e trouxe com ele aquela ressaca.
Nossa liberdade foi arrancada no dia de nossos nascimentos e nunca sentimos o vento bater em nosso rosto.
As mãos nunca foram tocadas por estranhos em um quarto de hotel de beira de estrada.
Nunca saboreamos o gosto de um Uísque sem gelo e nunca amarramos a boca em um trago de tabaco.
Bloqueio meus pensamentos e atitudes e não consigo ouvi-los por alguns instantes.
Confundo derrotas com vitórias, fracassos com conquistas, demônios com santos.
A contradição me faz bem, me hidrata e me trás ânimo para enfrentar meus medos.
Um porta-retrato com fotos de pessoas que não conheço continua assombrando-me em cima de minha mesa.
Caminho por uma areia fina, que, no final, encardirá todos os meus passos.
Não restará mais dúvida, nem dívidas.
Não restará

@domador de palavras

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