quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Amargo Gosto do Sentir

Mergulho em meus poemas de lágrimas para tentar sair de um poço de lamas.
Se teu veneno escorres pela boca, salivando a angústia de ter que me deitar ao teu lado.
Um hemisfério de tristeza que remoe minha alma se igualando a um alvoroço de felicidade.
Faça sentir suas mãos frias que esboçam segredos de seu corpo.
Invente mentiras em suas críticas e verdades para seus contos. 
Faça da sua vida uma história assistida por cegos.
Rejeite a forma de seu estrago intelectual.
Construa um caminho que não te leve a lugar algum.
Me infecte com sua doença não contagiosa.
Me beije, me guie, me ame.


Domador de Palavras

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Perdido

Perdido.
É como me sinto percorrendo o labirinto de seu corpo, deslizando meus dedos entre suas coxas, me sinto perdido, sem ter um rumo determinado.
Não encontro o caminho que acenda o seu fogo, alias, seu fogo nem me aquece mais.
Gosto quando me pede ajuda para borrar o seu batom, ou que sinaliza para que meus pulsos caminhe para o conformismo de algo premeditado, previsível.
Sempre senti em minha nuca um calor gélido, intenso e de respirações curtas, convidativo para que sufoque suas más intenções.
Você sabe sentir isso quando eu te toco? Sentir o prazer entrar pela membrana que te transporta para outro lugar.
Não querida, não sabe. Não sabe nem sentir, nem retribuir.
E quando tudo está escuro e sem foco, as sensações voltam devolvendo-nos nosso vazio e na tristeza que realmente merecemos como companhia.
E quando o frio nos congela, realmente sabemos que é hora de dizer adeus. Até um dia, até nunca mais.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Qual o prazer de tua vida?

Qual o gosto de seu corpo? da sua alma? A curiosidade aguça meus desejos e faz eu pensar demais, ou pior, deixar de pensar.
Qual o tamanho da sua vontade? Mesmo criticando a vontade dos outros. Não espere conquistar tudo em dobro, afinal a realidade vai reaparecer e te verei chorar aos prantos por todo arrependimento que terás.
Qual o valor da sua vida? Deprimida. Destruídas em fotos antigas borradas de sangue.
Qual o seu sentimento? odio, loucura, luxuria? Não. Sentimento pior é aquele que não tem expressões, que são esquecidos entre as madeiras de um estaleiro ou jogados ao vento de uma praia deserta.
Qual o sabor de teu beijo? Injustiçado pela vontade de ter que dividir com outro ser, este beijo tem gosto de vazio. Tão vazio quanto nosso quarto em um dia de chuva.
Qual a sensação de vitória? Talvez a mesma da derrota, porém com o ego mais satisfeito de ter conquistado algo que ninguém lembrará muito em breve.

Domador de Palavras

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Desdenha-se

O que fazer para ver novamente o brilho em seus olhos?
Não sinto mais o vibrato de alegria em sua voz nem a sinceridade de seu sorriso.
Não recebo mais convite para amparar a queda de suas lágrimas.
Não tenho mais liberdade para tocar em seu rosto.


Pessoas cultuam imagens, rituais, crenças.
Eu cultuo você, e é só.
Venerar-te para ser recompensado com seus truques de malícias e sua forma de dominar-me.
Viciado no gosto de seu corpo, sou um louco implorando por piedade para satisfazer meu vício. A abstinência é insuportável e me faz pensar mais e mais.


Mas as feridas curam-se, as dores controlam-se, o desespero minimiza, e a vida continua. Com ou sem você.




Domador de Palavras